Olá, prezado irmão músico católico apostólico romano! Tudo bom contigo?
Peço-te mais uma vez espaço para adentrar à tua casa e partilhar um pouco do que vivemos em nossa amada música católica.
| Como muitos já sabem, vivi durante algum tempo da música secular e servia a Deus durante esse tempo, mas hoje me dedico apenas à música cristã por não precisar mais viver de música e por não entender que a música secular vá acrescentar mais alguma coisa em minha vida. Mas ainda temos muitos músicos que vivem esses dois universos: tocar pra Deus e tocar músicas seculares (não gosto do termo “do mundo”) em shows e bailes por aí. Vi muitas vezes esse assunto ser debatido por colegas músicos em sites da internet e até mesmo em partilhas de grupos de oração. Uma das coisas que me chama a atenção é o fato dos músicos que vivem essas duas realidades usarem de argumentos ótimos para se defenderem, como o fato de médicos católicos não atenderem apenas pacientes da Igreja, advogados católicos não defenderem apenas as causas de pessoas da Igreja e de mecânicos católicos não arrumarem apenas carros dos irmãos da Igreja. |
Concordo com cada um de vocês nesse ponto, temos que dar o melhor de nós dentro de nossa profissão e não podemos escolher a quem vamos atender. Eu posso até me citar como exemplo, pois como enfermeiro, eu devo atender a todos os pacientes que me forem confiados, independente de credo, raça ou qualquer outra coisa. Mas vamos ponderar alguns pontos: o médico católico pode ser luz no exercício da profissão dele e mesmo que tenha algumas quedas, terá influência sobre poucas pessoas, o mecânico católico segue essa mesma regra, mas e o músico? O músico pode, sim, ser luz mesmo tocando em bandas de baile, mas nunca pode se esquecer que é um servo de Deus e como tal deve refletir a luz que irradia Dele por onde passa.
A música, com sua linguagem universal, tem o poder de transformar a vida das pessoas, tanto levando-as para Deus, como as afastando Dele. Mais uma vez ressalto, como fiz em artigos anteriores, que há muitos artistas seculares que admiro e alguns deles que até toco músicas em missas ou em shows católicos sem problema algum, por terem músicas que transmitem uma boa mensagem... Porém uma infinidade deles eu jamais executaria nem por todo dinheiro do mundo. Nesse ponto, a questão, a meu modo de ver, é bem simples: você tocaria suas músicas de baile em missas ou em shows católicos? Se sua resposta for sim, então significa que nelas não existe nenhum tipo de mensagem que leve ninguém a se perder, mas se for não, se suas músicas não podem ser executadas para um público exclusivamente católico, me desculpe, cara, porque as toca para outro tipo de público se você se considera Luz no Mundo? Teria coragem de tocar músicas cristãs em seus bailes?
Quando eu ainda tocava em banda de baile, tomava um cuidado muito grande com as letras das canções que eu iria tocar ou cantar, simplesmente por não querer fazer apologia a uso de drogas, por não querer divulgar o sexo de maneira livre e promíscua ou simplesmente por achar 90% das músicas que nos pediam pra tocar um verdadeiro lixo, fato que era aprovado na maioria das vezes pelo dono da banda, que assim como eu, é católico. Mas mesmo tentando evitar tais fatos, não tinha como fugir sempre disso, pois a época em que mais ganhava dinheiro era justamente a do carnaval. Eu precisava pagar minhas contas, precisava colocar as coisas em casa, e para isso subia em um palco pra mandar as menininhas descerem na boquinha da garrafa, pra mostrarem a região glútea, pra chamar filhas de Deus e templos vivos do Espírito Santo de cachorras, preparadas e popozudas.
Agora, seja sincero: você que toca pra Deus e toca baile, tem a chance e a coragem de falar pro teu chefe, dono da banda, que não vai tocar nada disso por ferir a tua fé ou simplesmente as toca por precisar pagar as tuas contas e por ser esse o seu ofício? É Luz viva do Deus vivo onde toca? Acha que apenas executar as músicas para alguém cantar não tem nada a ver? Essa última questão eu considero bastante interessante e também já foi alvo de muitas discussões, pois muitos amigos músicos acham que não influenciam ninguém de forma negativa por estarem em um palco apenas para tocar e que apenas o cantor tem o poder de influenciar as pessoas com as letras das músicas. Faço a vocês uma pergunta: se um assassino, ao matar alguém, necessitou de uma pessoa para segurar ou para levá-lo até sua vítima e esse alguém sabia que alguém seria morto, o erro foi apenas de quem matou? Não seria esse outro um assassino passivo? Pois é meu irmão, se a música vai contra princípios da Igreja, se fere a tua Fé e mesmo assim você as executa e acredita que não tem nada a ver, tenha cuidado e lembre-se que teremos que prestar contas de nossos atos terrenos ao nosso Deus quando partirmos.
Quero finalizar esse artigo dizendo que não vejo problemas em você, músico católico, que depende da música secular pra viver, desde que saiba o que está servindo as pessoas que estão te ouvindo. Você pode e deve transmitir Deus em teu ofício, pode santificar teu ofício, mas com certeza isso não se dará com músicas que pedem para as moças ficarem nuas e nem tão pouco com aquelas que estimulam os jovens a se drogarem. Só mais uma coisinha: 90% dos traficantes que hoje se encontram presos são católicos e muitos deles podem ter vendido as drogas deles em bailes que você tocou. Tente perguntar a alguns deles se já fizeram isso alguma vez em missas ou em evangelizashows. Desculpe, foi apenas um último e breve comentário... rs.
Que todos nós sejamos sinais vivos de Cristo nesse mundão e que Santa Cecília possa cada vez mais nos ajudar e nos guiar.
Santa Cecília, rogai por nós.