Quarta-feira, 02 de agosto de 2006. Muitas pessoas, ao me abordarem nas ruas ou por e-mail, com comentários sobre os meus artigos, não deixam de afirmar que eu gosto de causar polêmica (risos). Gosto, sim! E você sabe muito bem disso... Como já disse até mesmo em um de meus textos, a polêmica, querendo ou não, faz a gente pensar, meditar e ter mudanças de vida e de atitudes... Esta semana pude sentir tudo isso em minha própria pele! Depois de tantas opiniões diferentes sobre a música popular (secular) e a música católica (gospel) que circulou pela Internet, pelos jornais católicos e pelos pensamentos de muitos nestes últimos meses, creio que a resposta “quase” final (na minha opinião) chegou através do novo CD do Padre Fábio de Melo, scj, que acabou de ser lançado... | Ao comemorar dez anos como cantor, Padre Fábio de Melo surge com um CD intimista, “diferente de tudo o que produziu até agora, diferente do que costuma mostrar em shows, diferente do que canta”, resume, ao falar de “Sou um Zé da Silva e Outros Tantos”, seu mais novo trabalho. É uma ode à música de raiz, de tradição sertaneja, de resgate da cultura popular e de compositores que ele ouviu na infância, como Almir Sater, Renato Teixeira, Nonô Basílio, entre outros... Ao saber do novo estilo do CD, antes de chegar às minhas mãos, fiz meu pré-julgamento. Como quase tudo na vida que julgamos antes mesmo de irmos mais fundo, de irmos mais além, soltei a frase “Eu NÃO CURTO sertanejo. Não faz meu estilo! Tenho certeza que este CD só vou ouvir uma vez e guardar na minha coleção”. Acredito que minhas míseras letras e palavras expressas neste artigo deste website, não saberão explicar o que este álbum musical está representando em minha vida no momento presente.
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Com 13 músicas e um poema, o CD traz canções já consagradas, como “Romaria” (Renato Teixeira), “Mágoa de Boiadeiro” (Nonô Basílio/Índio Vago), “Triste Berrante” (Adauto Santos) e “Disparada” (Geraldo Vandré/Theo de Barros), em arranjos que mesclam com maestria a simplicidade da música de viola com a sofisticação de instrumentos clássicos como o piano e o celo. Apenas “Poesia Sertaneja” e “Sou um Zé da Silva” são de autoria de Padre Fábio, além do poema “Deus é Pai”, uma bela homenagem ao pai. “Quis fazer um CD com algumas das músicas de compositores que me emprestaram a alma de compositor, que abriram caminho para minha musicalidade. Mesmo porque não há artista sem referências, (...) um registro que é tão cristão quanto os outros trabalhos”, acredita. As duas composições de sua autoria são mais que suficientes para deixar transparecer a intensidade de sua trajetória como missionário e os seus anos de estrada. É possível sentir o pulsar da multidão que se mistura em seu ser. A letra de “Sou um Zé da Silva” fala justamente do processo de feitura do ser humano, de alegrias e angústias de pessoas com as quais cruzou pelo caminho. “Ninguém passa incólume a tantas experiências de dor, alegrias e frustrações”. Ao revelar boa parte dessa vivência, sua voz surge mais grave, distinta dos demais trabalhos. “Voltei às origens dos meus dons. A música intimista permite uma verdade maior. Neste CD, em nenhum momento, arrisquei tons que não eram meus. Cada vez que escuto, me sinto mais verdadeiro”, diz. O motivo também é simples. Cada música condensa em si um intenso poder de memória afetiva, reporta a um tempo da vida e fala de experiências, de caminhos já trilhados muito comuns a todos nós, e com uma beleza sem medida, mas com a força e a sutileza na intensidade certa. Se você tiver oportunidade, ouça! Compre e ouça! Vale a pena! Há momentos em que mudar de opinião e se sentir mais comum, ou melhor, se sentir um Zé da Silva e outros tantos, faz muito bem à nossa alma... (Isso não quer dizer que passei a amar sertanejo, OK? Hehehehe). ;-) Se puder, depois me escreva e diga o que achou do CD... | |
Santa Cecília, rogai por nós! Rafael de Angeli rafael@canaldagraca.com.br Coordenador do Ministério de Música e Artes (RCC) da RP2 (Araraquara-SP e região) - Diocese de São Carlos-SP |